quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Iniciativas Contra o Desmatamento


Árvores com 'RG' serão barreira para desmatamento ilegal


Se todas as árvores tivessem uma espécie de RG, seria mais fácil descobrir a idade de cada uma delas, se já estão aptas para serem cortadas no manejo florestal e onde estão exatamente localizadas. Essa é a proposta do CIPEM– Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso, em parceria com a SEMA-MT (Secretaria de Estado do Meio Ambiente) e o Instituto Ação Verde. Com um investimento inicial de R$ 110 mil, o projeto piloto de manejo florestal eletrônico conta com a utilização de chips de RFID (Identificação por rádio frequência) desenvolvidos pela empresa Tecnomapas. Eles foram implantados, em 2008, em 2.500 árvores em uma área de 100 hectares, na fazenda Carandá, no município matogrossense de Nova Mutum.
O chip é uma espécie de código de origem. Ele funciona com a tecnologia RFID (Identificação por Radiofrequência) e guarda todas as informações da árvore, gerando uma identidade geográfica. A partir de um georeferenciamento, é possível saber a localização exata da árvore, informações sobre a espécie, volumetria, o dia e a hora de cada etapa de manejo e descobrir se já podem ser cortadas – uma árvore adulta precisa ter mais de 30 anos para ser extraída. Se ela não está “madura”, é patenteada como árvore remanescente para exploração futura.
“É um sistema que permite um total controle da origem da madeira, desde a exploração até o seu destino. A análise é feita por meio de mapas e inventários florestais em um ambiente virtual. É também a melhor forma de saber a origem legal dessas árvores e combater o desmatamento ilegal”, afirma o produtor Paulo Borges, superintendente executivo do Instituto Ação Verde, que apresentará o projeto no 2º Congresso Brasileiro de RFDI, entre 18 e 21 de outubro, em Búzios, no Rio de Janeiro.
No futuro, o projeto prevê a criação de um site no qual qualquer pessoa poderá acessar o sistema e conhecer o ciclo completo da madeira. “Isso poderá transformar todo brasileiro em fiscalizador e poderá fazer com que as empresas sejam mais transparentes na questão ambiental”, diz Borges.
Desmatamento ilegal pode se tornar
mais difícil com a implatação dos chips
Apesar de o projeto já estar sendo estudado há alguns anos, somente agora a solução se tornou mais viável financeiramente, porque o custo do chip caiu de 2 reais para 20 centavos.
A gestão de carbono será outro diferencial. Com o chip, é possível saber a quantidade de carbono que a árvore pode sequestrar (ou seja, quanto carbono a árvore lança na atmosfera).
Danos no chip
Em uma floresta, é difícil garantir que um chip continuará implantado em uma árvore. Um animal pode retirá-lo ou até mesmo uma pessoa com más intenções. Isso não será um problema, de acordo com Borges. A partir do momento em que o georeferencialmente foi feito, a informação daquela árvore já está gravada, assim como em uma carteira de identidade. Se o chip for extraviado, existe um banco de dados onde estão gravadas todas as características da árvore, o que torna possível regravar outro chip. Se alguém cortá-la ilegalmente, por exemplo, ao fazer a auditoria, o fiscal acessará o sistema e descobrirá a fraude, pois ele guarda a exata coordenada geográfica da árvore.
Modelo “antigo”
Hoje, em vez do chip RFID, a maioria das árvores possui placas de alumínio, onde se verifica o nome delas. “Esse modelo não torna o processo auditável. Não consegue garantir uma identidade geográfica. Com o chip não existirá mais duas árvores iguais na Amazônia”, afirma Borges.
O antigo modelo, na opinião do produtor, também “facilita” o desmatamento ilegal. “O único momento em que se verifica a ‘placa de alumínio’ é quando o IBAMA vai até lá. Fora isso, não existe uma gestão adequada da floresta”, diz. Durante a fiscalização, é possível avaliar se as espécies cadastradas são realmente aquelas presentes na mata, ou se o volume da madeira corresponde ao volume comprado. O sistema também registra os responsáveis por cada etapa do manejo.
Agência O Globo
Chips poderão fazer com que as empresas sejam
mais transparêntes com a questão ambiental
A venda de madeira ilegal
Quando os criminosos vendem madeira ilegal, eles oferecem 500 metros cúbicos de madeira a um comprador. No ato da venda é preciso registrar essa volumetria. No entanto, eles registram 500 metros cúbicos, mas entregam 400 metros cúbicos de madeira legal e 100 metros cúbicos de madeira ilegal, que na verdade não fazem parte daquela área. “Sem um controle eletrônico é muito difícil fazer a gestão de quantas árvores são realmente legais”, diz Borges.
O volume de árvores cortadas legalmente por ano corresponde a 200 mil hectares no Mato Grosso. Se o monitoramento eletrônico for ampliado na região seriam necessários cerca de 10 milhões de chips anualmente para fazer todo o controle. Hoje, o trabalho é feito por 300 engenheiros florestais, que levam 30 dias para fazer mil hectares.
No Mato Grosso, 592 empresas exploram madeira. São 56.932 empregos diretos e indiretos e uma receita bruta de quase R$ 1,6 milhão. Esses números, contabilizados pelo Sebrae, correspondem apenas à exploração legal. Apesar do combate feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), milhares de metros cúbicos de madeira são extraídos de forma ilegal no estado todo ano.
Por: Amanda Camasmie
Fonte: epocanegocios.globo.com

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